terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sobre Krauser e os Gays...

Num post anterior, eu coloquei trechos sobre a questão da legalidade do homossexualismo no país e não mencionei minhas reflexões a respeito. O ponto que mais me chamou a atenção nesta discussão é o que se pode hoje em dia apontar como efeitos naturais ou efeitos morais. Krause dá a entender que naturalizar o homossexualismo não é cientifico e sim ideológico, ideológico marxista. Pois bem, a consagração da família, a união homem e mulher também são ideológicas. A ciência prova que a procriação acontece pela união de gametas masculinos e femininos, mas isso não quer dizer que a relação social existente entre homens e mulheres deva ser como nós conhecemos. Talvez seja fato que a biologia esteja completamente entrelaçada aos nossos hábitos e relações sociais, mas também é fato que somos seres em evolução e podemos desconstruir estas relações e criar novas relações. Essa questão sobre opção sexual transcende ao ato de procriação, pois estamos falando de valores morais socialmente construídos, assim como no Feminismo discutimos a tal sociedade patriarcal vigente, temos que ter bem claro que há uma infinidade de contradições como, por exemplo, questionar o modelo familiar burguês e termos casais Gays almejando casar-se sobre a benção de deus, ter sua própria família e filhos, reproduzindo a lógica que tanto questionamos. Quantas vezes eu já participei de diálogos ferrenhos sobre o tal amor livre, sobre a opção de ser monogâmico, poligâmico, hetero, homo ou bi, enfim, a questão maior é identificar o que está por trás destas discussões, identificar se estamos só lutando por um simples direito, se estamos lutando contra ou reproduzindo este sistema excludente e opressor. Temos no artigo de Krauser, bem claro, que todos os cidadãos que não toleram o homossexualismo serão submetidos a engolir seus preconceitos e se controlar para não ir para cadeia. Não é questão de se controlar e sim de questionar os valores envolvidos de ambos os lados. Acho engraçado todo este jogo de valores e me pergunto varias vezes se a ideologia marxista pode estar intrinsecamente relacionada à naturalização da livre opção sexual, pois acabo de lembrar-me de alguns colegas que são da juventude pastoral e se dizem marxistas porem tem dificuldades em lidar com toda esta questão de liberdade sexual.

Mais uma reflexão... Me preocupo muito com o nicho de mercado que o publico gay vem se tornando e faço um paralelo com a falsa liberdade de expressão que se construiu após o regime ditatorial, onde temos uma banalização do “fale o que quiser” como uma ferramenta de despolitização e alienação, principalmente da juventude. Ter a liberdade para expressar a sexualidade não pode ser confundida com a liberdade para ser o maior e mais novo publico consumidor pró-capitalismo, saindo da marginalidade e indo rumo a mercantilização assim como ocorreu com as mulheres: buscamos tanto a liberdade para acabarmos com a bunda estampada num anuncio de cerveja...

Puta que pariu...


2 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto existe a luta...essa tal luta aí!

Existem cada dia mais bundas espalhadas em outras e tantas outras opções de saladas...
O ser humano é complexo....
Definitivamente não existirá união de gêneros, gostos e afins...
Cada particularidade já se diz particular....não podemos questinar a opção mas fazer o que melhor se possa dela...
Orientação! E Nada Mais....

Quer ser prostituta?Seja!
Quer ser gay?Seja!
Quer usar drogas?Use!
Quer alienarce!Aliene-se?

Quer sair disso?Estamos aí....

Meu pensamento pode parecer estranho...mas não posso questionar atos...pois não tenho dominios sobre os meus.

Tudo nessa vida tem um porquê.Lembre disso!

Bjosssss Mi

Guilherme Cristofani disse...

Olá

Não gosto de comentar textos antigos das pessoas mas este me deixou curioso.

Acho que a questão identitária que você debate passa pela produção e consumo sim. Porém devo ressaltar que Marx não foi a única pessoa que discutiu isso e que o que ele observou era a capacidade do trabalho humano de produzir história e cultura. O modelo naturalizado da heterossexualidade que temos hoje refere-se a tantas coisas que parece mais uma besta de 7 cabeças do que qualquer outra coisa. Suprimir este modelo para a instauração de outro vai dar certo. Mas não vai mudar nada.

Talvez seja preciso pensar de outras formas. Então, quem sabe, as mudanças mais românticas do mundo possam acontecer.