quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Chão de paineira

Eu fiquei olhando a dança das flores
Ao se despencarem de uma paineira.
O vento soprando o bailado das cores,
O chão perfumado de flores inteiras.
E o povo pisando, sem nem perceber,
O tapete lilás de flores caídas.
Só eu escutava o triste gemer
Das flores, o lamento num resto de vida.
E, quase chorando em rimas singelas,
Então comparei a morte das flores,
Ao se soltarem na queda certeira
De um galho tão alto, tão ricas, tão belas,
Com o tempo que passa matando os amores
E a alma pisada é o chão da paineira.

de José Gilberto Gaspar poeta, compositor e contador de casos.

Extraído de seu livro Nos Braços do Sol, São Paulo, Edix, 1997 (p. 76).

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